Lembro-me do dia em que me emocionei ao ver meu aluno que tinha dificuldade de aprendizagem lendo suas primeiras palavras. As lágrimas eram de alegria, a maneira como Ele começou a juntar letras, pronunciar palavras e frases. Vi que contribui para mudar a história de vida do meu aluno. Eu estava radiante, era uma recompensa indescritível, me orgulhei e me senti corajosa no meu jeito de ser no dom de ensinar. Uma Professora no sentido mais nobre da palavra.
O mesmo rosto feliz do meu aluno me observava no momento da greve deste ano (2010) debaixo do sol quente de rachar cuca, protestando contra os baixos salários e reivindicando melhores condições de trabalho e valorização. Ele nos observava assim como muitos e eu pensava: quantos alunos não já descobriram o mundo através de nossas mãos! Depois dos pais, somos nós professores que damos as mãos aos nossos alunos e lhes ensinamos as bases para vida e o futuro.
Muito do que somos devemos a esses homens e mulheres (agora falo como aluna) que entram nas nossas vidas e passam a fazer parte da nossa história foram eles que nos mostraram a existência dos livros que nos alimentam os sonhos e dos que nos despertam para a vida e para a luta . É no contato com o professor que desenvolvemos a consciência critica a capacidade de dizer “não” as ideologias politicamente corretas que regem e dominam a sociedade.
Médicos, engenheiros, jornalistas, políticos, empresários, metalúrgicos, empregadas domésticas todos começaram suas histórias de vida com um professor (a).
Por isso penso que há algo de muito esquisito numa cidade em que professores tenham de fazer greve para ser valorizado. Alguma coisa está errada. Ou os discursos dos políticos têm outro lado (oculto) que não aparecem nos palanques ou não tem sintonia com a realidade. Todos, (de direita ou de esquerda) incluem a educação entre as prioridades de ação. Alardeiam construção de escolas, praças, avenidas, Academias mais não lembram (ou não querem lembrar) que os professores são corpo e alma dos programas educacionais e que mesmo assim precisam de ir as ruas cobrar respeito e valorização mostrar que além do dom de ensinar tem famílias para sustentar, contas a pagar, cuidar da saúde, do aperfeiçoamento profissional. Nos elogiam nos palanques mais nos desprezam nas ações. O descompasso entre os discursos e as políticas é enorme! Neste dia do professor mais uma vez cobramos dos nossos governantes melhores salários,melhores condições de trabalhos e valorização profissional.
Esse é o meu recado pra todos no dia do professor. A vocês caros colegas, o meu abraço.
Que todo dia seja dia do professor!
RÔSE SOBRAL
Faz exatamente um ano que aconteceu a audiência pública da educação promovida pela vereadora Shirley Costa e de lá pra cá nada mudou. A estratégia da prefeita em não comparecer a livrou de qualquer compromisso com a classe e quem a representou o fez muito mal. E a educação continua a mesma, baixos salários (que não são reajustados), péssimas condições de trabalho, desvalorização dos profissionais. Agora eu pergunto: Os vereadores que estavam lá não ouviram e não tomaram conhecimento da realidade? Qual deles visitou uma escola? Qual deles se preocupou em acompanhar os gastos públicos pra ver o que está sendo feito com a verba da educação? Olha sinceramente chega uma hora que não dá mais, parece que temos que lembrar ou ensinar a esses vereadores qual o seu papel! Nós professores remamos contra a maré e contamos apenas com o sindicato pra nos representar. Eu sinceramente espero que não venham nos enojar mais ainda com mensagens bonitas no 15 de outubro dizendo que nós somos importantes pra o crescimento da nação, cidade e bla, blá, blá.
Tá na hora de mudar o discurso.
